Quando, em julho de 2010
estreava na tela da TV Mossoró o humorístico "Keké Isso na TV?", Dona
Irene fazia apenas pequenas participações no programa. Rapidamente, seu humor
espontâneo e natural começou a chamar a atenção do público. E a senhora
simpática, de sorriso fácil, ganhava cada vez mais espaço. Hoje, Dona Irene é
sucesso na TV, na internet, e acumula participações em programas a nível
nacional, como o "Agora é Tarde", da TV Bandeirantes, e o
"Programa do Ratinho", exibido pelo SBT.
A celebridade mossoroense
sensação do momento recebeu a equipe do caderno Universo do jornal O
Mossoroense em sua casa, um dia após voltar de viajem a Natal, onde
realizou novos exames de visão, afetada por uma doença incurável, e motivo pelo
qual ela decidiu "brincar" no "Keké Isso na TV?".
Dona Irene com os seus colegas de trabalho no programa Agora É Tarde na Band.
Dona Irene e sua turma no Ratinho, SBT.
Na conversa, repleta de
momentos de descontração, Dona Irene, 54 anos, natural de Caraúbas, revela que
toda essa repercussão em torno de seu nome a assusta, conta que adora o assédio
que vem "sofrendo" e destaca os planos para o futuro.
Acompanhe agora a
entrevista feita pelo repórter Maricelio Almeida e publicada no jornal O
Mossoroense, edição do domingo, 29.
O
Mossoroense: Dona Irene hoje é uma personalidade conhecida nacionalmente. Como
foi o início da sua relação com o humor na televisão?
Dona
Irene: Estou achando tudo isso uma maravilha. Eu trabalhava
na comunidade de saúde como ASG, quer dizer, ainda trabalho, já que não me
colocaram para fora e estou só de benefício, porque me deu uma doença nos
olhos, fiquei cega, não enxergava nada, só ouvia. Fui diagnosticada com um
problema que não tem cura, e ainda me deu catarata no olho esquerdo, que me
operei, mas pelo olho direito não enxergo mais. E foi a partir disso que
inventei de brincar com os meninos (Keké e Jedson Leandro, apresentadores do
Keké Isso na TV?), sem saber nem direito o que eles estavam fazendo, pensei que
era para o Linha de Fogo (programa policial também exibido pela TV Mossoró).
Começamos como uma brincadeira. Se eu fosse ficar parada em casa, pensando na
doença, seria pior, porque é triste você enxergar tudo, e de uma hora para
outra perder a visão.
OM:
Dona Irene, a senhora tem noção de tudo que está acontecendo? Consegue entender
realmente tudo isso, toda essa repercussão gigantesca?
DI:
Kerginaldo, (Keké, que é filho de Dona Irene) às vezes me pergunta qual a minha
reação em relação a isso, e eu respondo que estou do mesmo jeito. Fico alegre,
contente, mas sou uma pessoa que se não me perguntarem sobre essas coisas, eu
nem comento. Não esperava nada disso, nunca esperei chegar onde estou hoje.
OM:
O humor praticado pela senhora é algo natural, espontâneo. De onde vem tanta
inspiração?
DI:
É de mim mesma. Desde nova eu gosto de brincar com as pessoas. Sempre gostei.
Na adolescência gostava de aperrear todo mundo (risos).
OM:
Quando a senhora surge em rede nacional, rapidamente seu nome aparece entre os
assuntos mais comentados do microblog Twitter. Essa repercussão lhe assusta em
algum momento?
DI:
Não, eu fico tranquila. Fico normal. Eu faço por onde agradar as pessoas, mesmo
sabendo que não é possível agradar a todo mundo. Eu tenho pressão alta, tem
horas que eu até quero ficar nervosa quando estou participando dos programas
fora, mas coloco na minha consciência que não posso ficar nervosa, por causa do
público.
OM:
E o que a senhora tem achado da série de viagens pelo país?
DI:
É bom demais. Agora fiquei com um certo nervosismo depois que eu vi duas
mulheres conversando no avião, onde uma dizia para outra: "Menina, você
sabe que se acontecer alguma coisa nesse avião não escapa ninguém"
(risos). Fiquei com medo depois disso. Até porque nunca tinha viajado de avião,
nem em sonho.
OM:
Dona Irena, a senhora vê isso tudo como um trabalho, ou como momentos de
diversão?
DI:
Eu vejo das duas formas. É um trabalho também, porque eu tenho que me
concentrar para não errar no que eu vou dizer, por isso fico nervosa, mas
também é uma grande brincadeira, uma diversão.
OM:
Como é sair nas ruas hoje aqui em Mossoró? O assédio é muito grande?
DI:
É ótimo. Quando eu vou passando as pessoas me chamam "Irene, venha
aqui". Entre lá fora e aqui, eu prefiro Mossoró. Quando estive na Record,
para participar do programa de Ana Hickmann, a produção disse que queria ficar
só comigo, não queria a turma do Keké Isso. Eu desisti. Não posso deixar meu público
aqui, para ir sozinha. É tudo ou nada. Quero não, até porque quem me trouxe até
aqui foi o Rio Grande do Norte, com foco em Mossoró, e não o Sul.
OM:
A rotina da senhora mudou bastante. Como tem sido o dia-a-dia?
DI:
A vida está diferente daquela onde eu ia do emprego para casa, da casa para o
emprego. Deus mudou minha vida para melhor. O retorno financeiro ainda está
fraco, mas o que importa é o carinho do público.
OM:
Nos quadros que participa, a senhora tem a companhia da também divertida Zuzu.
Como tem sido essa convivência?
DI:
Ela é uma pessoa ótima de trabalhar com a gente. Eu até brinco com ela quando
está conversando demais, e eu peço para cortar a fala dela. E Zuzu fica
irritada, mas quando termina a gravação eu vou lá abraço ela, e explico que é
tudo um trabalho. No Ratinho, ela disse que queria conhecer Gugu, porque queria
pedir uma casa, e eu tentando explicar que ali era um local de trabalho, mas
ela continuou "Deixe eu dizer, Zuzu está certa, eu quero uma casa".
Isso ao vivo.
OM:
Dona Irene, a família da senhora aceita tranquilamente o fato de ter se tornado
uma pessoa conhecida e toda essa exposição?
DI:
No começo meu marido, Antônio, não queria aceitar. Mas expliquei que era uma
brincadeira, que eu estava me divertindo. Hoje, graças a Deus ele entendeu.
Meus outros dois filhos, além de Keké, também não têm nada contra. Quando meu
marido diz que às vezes não vai mais permitir que eu participe do programa,
porque eu não paro mais em casa, eles me defendem.
OM:
O que a senhora gosta de fazer atualmente?
DI:
Hoje, devido a minha pouca visão, não faço mais tantas coisas dentro de casa,
mas gosto de sair, adoro andar, passear. Pense em uma "maria
andarina" (risos).
OM:
Dona Irene, os próximos passos da senhora e do Keké Isso, quais serão?
DI:
O futuro só a Deus pertence. Acredito que Deus nos dará uma estrutura maior,
com um local da gente, um estúdio próprio. Às vezes chegamos às 10h na TV, e
saímos de lá às 2h, porque não temos câmera própria, mas eu confio que Deus vai
abrindo as portas e agente vai seguindo.