Entrevista da Semana: André Luví - Cantor



Pernambucano de nascimento e mossoroense de coração, o cantor André Luvi é a sensação do momento no cenário musical da região. Aos 24 anos, ele acaba de gravar seu primeiro CD, e acumula convites para apresentações em inúmeros eventos.

Na entrevista da semana, o cantor revela quais as principais dificuldades que enfrentou, e enfrenta, na carreira, avalia o segmento musical mossoroense e destaca a falta de incentivo e reconhecimento por parte do poder público para os profissionais que atuam na área.

André Luvi ainda conta como teve início sua relação com o universo musical, e destaca a mudança que realizou em seu estilo musical. "Estamos nos definindo com um estilo mais dançante e animado, que tem mais a ver com o nosso momento", relata. Acompanhe a entrevista concedida ao jornal O Mossoroense.

Por: Maricelio Almeida e Márcio Costa

Jornal O Mossoroense: Como teve início sua relação com o universo musical?

André Luvi: Aos 17 anos tentei aprender a tocar cavaquinho, pois era um dos admiradores do movimento do samba que estava se reciclando naquele momento e despontando como ritmo musical para juventude no final da década de 90. Daí comprei meu primeiro violão e comecei a estudar com alguns amigos que já tocavam, e surgiram então os primeiros acordes, mas eu já gostava de cantar. Minha primeira experiência profissional veio alguns anos depois em um shopping na capital pernambucana.

OMO desejo de trabalhar profissionalmente com música, como ocorreu? Você possui na família alguém que tenha ligação com a música? Houve influência de alguém?

AL: A música é algo apaixonante e o desejo surgiu naturalmente, com o passar dos anos a música foi ganhando mais importância em minha vida, se tornando algo cada vez mais constante, me dando mais prazer e me exigindo mais e mais tempo. Daí comecei a ver que aquilo que achava tão fantasioso, tão distante da minha realidade poderia um dia vir a ser real, de poder me dedicar integralmente à música e poder viver bem dela. Na minha família apenas eu segui por este caminho, apesar de achar que a artista da família é minha irmã, Marcela, que canta muito bem. A influência houve, mas não direta, até por que no início as pessoas da minha família eram contra a música, por conta do pensamento antigo de que música é para vagabundo, pois homem que é homem precisa trabalhar. Hoje graças a Deus consegui mudar isso e mostrar que a música é um oficio muito digno e muito bonito, motivo de orgulho para seus profissionais, familiares e amigos.

OM: Conte-nos detalhes do início de sua carreira. Onde e quando você começou a cantar profissionalmente?

AL: Ainda estou no início. Comecei a cantar profissionalmente no ano de 2001 em Recife, graças a uma amiga minha que pediu a um cara que se apresentava em um shopping da cidade para que eu desse uma "canja" e pudesse mostrar meu trabalho. Depois esse cara, Rubens Mendes, me ajudou muito, me ensinou muito e comecei os meus primeiros passos na profissão.

OMQuais foram às principais dificuldades que você enfrentou nesse período?

AL: Ah, são várias, mas uma das mais evidentes, pelo menos na minha vida, é o fato de não poder viver da música, de ter obrigatoriamente que ter um outro oficio para poder sustentar dignamente, a mim e aos meus, pois os cachês implementados na cidade ainda são muito aquém do ideal para a profissão. E pela falta de incentivo público e reconhecimento a estes profissionais.

OMEntão viver só de música em Mossoró não é possível atualmente?

AL: Sobreviver sim, viver bem ainda é muito complicado. Mas diria que é possível, tocando, dando aula, gravando para terceiros, produzindo. Conheço algumas pessoas que realizam todas estas atividades para poder sustentar suas famílias.

OMHoje você um dos cantores mais requisitados para apresentações em Mossoró. A que você atribui esse reconhecimento?

AL: Atribuo isso aos nossos amigos, que desde sempre acreditaram em nosso trabalho e que nos apoiam comparecendo as nossas apresentações; a qualidade da minha banda e dos meus músicos, pois sem eles não seria nada e a Deus que como grande arquiteto do universo nos uniu com este propósito de levar alegria às pessoas através da nossa arte.

OME quais as suas expectativas para esse trabalho?

AL: Nosso primeiro trabalho é tratado como um pai de primeira viagem trata seu filho, é tudo novo, experiências novas, sinceramente não sei o que virá pela frente, mas sei que estou aproveitando demais este momento e trabalhando duro para que estes não sejam apenas os nossos 15 minutos de fama.

OMVocê deu uma guinada na sua carreira, mudando o gênero musical. Que tipo de música você tocava antes, e como define o seu trabalho atualmente?

AL: Sempre toquei de tudo, todos os estilos populares, como sou um cara que fui criado nos bares, tocando na noite, tocava vários estilos que iam do MPB clássico ao pagode, brega, pop, internacional e agora estamos nos definindo com um estilo mais dançante e animado, que tem mais a ver com o nosso momento. Não sei que nome posso dar para sintetizar esse gênero, mas diria que é um estilo mais dançante de Musica Popular Brasileira.

OM: Para concluir, como você avalia o cenário musical em Mossoró hoje?

AL: O cenário hoje é melhor que o vivenciado há alguns anos, porem ainda está muito aquém do ideal. Locais melhores e mais bem estruturados, que invistam mais e melhor em aparelhos de som, luz e estrutura, dando ao artista a qualidade que ele merece e precisa para fazer seu trabalho de modo cada vez melhor ainda são poucos na cidade e creio que a remuneração destes profissionais também passa longe de ser a ideal, mas isso já está melhor que a pouco tempo atrás.


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