Coluna: Gastronomia Sem Frescura - Por Ismaelson Rêgo


Livro com história da gastronomia de Caicó ganha prêmio mundial em Paris

Era junho do ano passado quando o Blog publicava notícia sobre a visita da Chef Ana Luíza Trajano a Caicó, para pesquisar a gastronomia da cidade e incluir no seu livro “Brasil a Gosto”. Mesmo nome do restaurante que ela tem em São Paulo, reconhecido entre os melhores do país, e já tendo sido citado pelo The New York Times por revelar a diversidade cultural e riqueza da gastronomia brasileira.

Pois nesta sexta-feira, em Paris, o livro “Brasil a Gosto”, rendeu a Ana Luíza Trajano, de 31 anos, o prêmio de melhor livro de gastronomia do mundo em 2009. A revelação dos vencedores ocorreu durante cerimônia do Gourmand World CookBook Awards, única premiação mundial de publicações de gastronomia.

Para a chef, a vitória não é só um importante reconhecimento do seu trabalho, "mas a indicação de que finalmente a gastronomia brasileira está conquistando lugar de destaque no cenário mundial pela sua criatividade e qualidade".

Emocionada, lembrou que o livro é dedicado à sua avó, que coincidentemente, completou 93 anos na quinta. O Gourmand World CookBook Awards, realizado há 10 anos, recebeu cerca de dois mil títulos de 136 países. Editado pela Melhoramentos, "Brasil a Gosto" também disputou na categoria Melhor Guia de Viagem Gastronômica.

"Brasil a Gosto" faz parte do projeto de pesquisa "Saberes do Brasil", de Ana Luiza Trajano, que percorreu as regiões norte, nordeste e sudeste do país, visitando 47 cidades, para conhecer a riqueza cultural e gastronômica locais.

Ela viajou, a Caicó e às outras cidades, acompanhada por Alexandre Schneider, responsável pelas fotos, que revelam a diversidade de cores, sabores, sensações, imagens e belezas naturais do Brasil.

Em Paris, com o prêmio, Ana Luíza Trajano festeja com o marido Iann Corderón

Pesquisa feita em Caicó foi destaque em revista de bordo da TAM

Só para relembrar a pesquisa feita por Ana Luíza em Caicó, a coluna publica o artigo assinado por ela, e publicado na revista de bordo da TAM, em junho passado:

MUITA PEDRA, POUCA ÁGUA E MUITA FESTA

A pequena Caicó, no Rio Grande do Norte, é um paraíso Gourmet que precisa ser descoberto Os franceses têm o vinho de Bordeaux, o sal de Guérande, a Poulett de bresse, o foie grás do Périgord, o presunto de Bayonne a Pimenta de Espelette… Tantos produtos identificados como selo de qualidade de sua appellation d’origine contrôllé! A Itália também valoriza o DNA de sua comida; o queijo de Parma, a mostarda Cremona, o tomate de San Marzano, a mussarela napolitana. Nós aqui no Brasil temos as nossas excelências regionais, nem sempre, porém, reconhecidas, e eu gostaria de começar por Caicó.

Caicó? Vocês hão de perguntar. É Caicó, no Rio Grande do Norte. Eu também não sabia. Foi numa visita a São Luiz do Maranhão que conheci o chef Dantas. Faz tempo que ele e a família são radicados no Maranhão. Mas me falaram com tanto orgulho da culinária de Caicó que fiz as malas e na companhia de Dantas, fui conhecer sua terra Natal. Hospedada por dona Neném, saí para explorar as preciosidades locais. Queijo de coalho, sequilhos, biscoitinhos de queijo, o biscoitinho palito, a raiva (mais um tipo de biscoitinho de lá). Produtos feitos com carinho artesanal – uma delícia. Com a grife Caicó. Reconhecida em todo o Nordeste. Qualidade com hospitalidade. Caicó se esmera para agradar os que têm água na boca. Almoçamos e jantamos na casa de cozinheiros e cozinheiras de primeira linha. Uma festa fora o apetite.

A Alessandra preparou um banquete de receitas regionais: arroz-de-leite, munguzá, farofa d’água, paçoca de carne de sol, carne-de-sol-assada, umbuzada, filhós de mel e suco de cajarana. Já o chef Sandro, do restaurante Brilhante, enveredou por especialidades autorais. Trouxe à mesa um “caviar de caju”, um “caju metido a besta” e um rondelli de macaxeira com carne de sol.

O Brasil é um lauto cardápio de Caicós pedindo para serem descobertos. Cada um com sua especialidade artesanal e sua história afetiva. Sempre deixando no paladar do viajante o gostinho do quero mais e a vontade de voltar algum dia.

A Caicó eu sonho voltar agora em julho, para a Festa de Santana. Eles já adoram uma festa e a de Santana é a mais animada. Dizem na cidade que Caicó é “muita festa, pouca água e muita festa”
Eu meto a minha colher: e muita comida boa.

Por: Ana Maria Trajano - Chef do restaurante Brasil a Gosto, de São Paulo, um dos melhores de gastronomia brasileira. Já publicou um livro com o mesmo nome, que tem poesias e fotografias inspiradas por suas viagens pelo país. É consultora do novo cardápio da TAM, o Brasil a Bordo.

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