Depois da tempestade

Os efeitos provocados pelas intensas chuvas que caíram no RN nas últimas semanas não se limitaram à destruição da lavoura e às famílias que ficaram desabrigadas. Considerando isso, já estaria de bom tamanho. Mas, essas conseqüências surgem agora com o rescaldo na fruticultura do Vale do Açu, que já anuncia demissões em massa, atingindo em cheio a economia naquela região. Anteontem, a Del Monte informou que 1.040 funcionários seriam demitidos, 40% do total, e que o restante não se excluiu da lista. O Governo do Estado tenta, de todas as maneiras, impedir que essas demissões aconteçam. O impacto social na região do Vale seria bastante importante, sobretudo no comércio, que enfrentaria um baque e uma considerável queda nas vendas. O JORNAL DE FATO vem acompanhando a crise na fruticultura desde que as chuvas devastaram as áreas plantadas. Inclusive, quando os produtores se reuniram com o vice-governador Iberê Ferreira e falaram dos prejuízos da ordem de US$ 70 milhões (R$ 117 milhões) em 5,5 mil hectares alagados (2,5 mil na banana, dois mil na manga e mil no mamão). Mas isso não conta custos com a retomada da produção, nem com máquinas e estrutura física danificadas. Como a maior parte das frutas era voltada para exportação e a ausência delas nos embarques vai causar não só problemas de contrato com transportadoras e clientes, mas pode comprometer o espaço que o RN abriu lá fora. Isto é, fatores externos podem contribuir com a credibilidade comercial do Estado. Ou seja, os efeitos das chuvas vão além do que o Governo testemunhou das alturas, notando áreas tomadas pelas águas. Além dos prejuízos nas exportações, nas relações internacionais do Estado, as conseqüências recaem para o trabalhador. Nesse momento, o Governo tenta impedir as demissões. “Ela tinha nos dito que ia fazer o possível para não demitir”, disse o vice-governador Iberê Ferreira, em entrevista à imprensa, que já marcou reunião com a empresa para discutir soluções. A Del Monte é a terceira maior exportadora do Estado e perdeu metade de sua produção, estimada para este ano em cerca de 81 mil toneladas, com as enchentes. Nesse momento em que o Estado precisa do apoio de todos, até mesmo os fruticultores (aí inclui a Del Monte) devem agir com sensatez e compreensão para não deixar a situação ainda mais grave.

(Fonte: César Santos- Jornal DeFato)

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