Felipão & Forró Moral

ENTREVISTA CONCEDIDA AO JORNAL O POVO


Daniela Nogueira
Da Redação
09/02/2007


Quem é o gostosão?
Como diz o slogan que carrega, a banda é show! O suingue que tem conquistado o Brasil sempre lota as casas de show onde toca e o vocalista, Felipão, é o destaque por sua simpatia no palco, por sua dança com as mãos atrás da cabeça e, claro, pelo seu rebolado. Não tenha quem fique parado quando ele começa. A não ser pra dar aquela espiadinha...

Quem já foi a um show da banda sabe como é. Quando começa a tocar e ele sobe ao palco, a galera embaixo vai à loucura. Ele pede aos seguranças para se afastarem e o público para se aproximar. Aí, os fãs levantam os braços, quase num chamado para que ele venha e dê um toque. Começa a dança do Strip-tease. Ele levanta a camisa, deixando à mostra a barriguinha e um pouco do peito. Sem parar o rebolado, dá uma viradinha e fica de costas. A mulherada fica louca! São gritos, suspiros, olhos fixos. Ou dança ou vê. Sem rivalidade, os homens (muitos de cavanhaque e chapéu branco, como o ídolo) acenam e imitam a dança da banda

Quem lê a descrição acima e conhece o sucesso que Felipão e seu Forró Moral vêm fazendo pode se perguntar qual é o segredo de tanta fama. Tanto Felipão quanto os irmãos que também cuidam do grupo são unânimes em afirmar: é a base familiar que sustenta e que faz o sucesso da banda aumentar. É a união de Marcelo, Carlos Pompeu e Felipão (que se torna Felipe quando desce do palco), coordenados pelo pai, que faz com que o Forró Moral arraste tanta gente nos shows e tenha tantos fãs em pouco mais de dois anos de formação.


A desistência da faculdade de Direito, no último ano do curso de Marcelo, para criar a banda foi uma idéia inicialmente rejeitada pela família, mas depois aceita. Tão bem aceita que deu certo. Se valeu a pena? "Valeu. Tá valendo", é Felipão quem responde. Tanta unidade talvez explique o carisma, a simpatia, o charme e os sorrisos exibidos.

Além da união, outra característica faz de Felipão & Forró Moral um grupo diferente é a diversidade de ritmos que a banda apresenta e que faz parte do suingue que eles, desde o começo, se propuseram a fazer. Não é só o forró. Tem axé, samba, pagode, reggae. "Eu nunca vejo o Forró Moral como uma banda de forró. É uma banda de alegria, de emoção, de muitos estilos. É uma proposta diferente", afirma Felipão, que diz escutar de tudo um pouco. Do forró-raiz de Dominguinhos e Trio Nordestino, passando pelo sertanejo de Bruno e Marrone, ao axé de Ivete Sangalo.


Nessa entrevista exclusiva ao Buchicho, Felipe Aragão Gurgel, o Felipão, conversou conosco pessoalmente (morram de inveja, meninas!) e nos contou sobre a base religiosa da família, onde ele ainda sonha em tocar, a famosa dancinha das mãos atrás da cabeça, o uso do chapéu e a diferença entre o Felipe e o Felipão. Vestindo uma camisa estampando a frase "Lucky man", ele fala se acha que é, de fato, um homem de sorte e qual é a mulher ideal para casar .

ENTREVISTA


O POVO - Por que você costuma dizer que o Forró Moral tem um suingue diferente? Felipão - Eu tento escutar um pouco de tudo e procuro juntar essa mistura do Brasil. São muitos os estilos da gente. É o reggae, o axé, o pagode, o samba. É um projeto diferenciado para chamar a atenção do mercado. Quando todo mundo tá indo pra um lado, a gente vai pro outro.

OP - A diversidade de estilos explica o sucesso do Forró Moral? Felipão - O sucesso do Forró Moral é tanta coisa. É o Marcelo, é o Carlos Pompeu, é família, é união. Todo mundo pode brigar, mas a gente tem que estar unido. Cada um fazendo o melhor da sua parte.

OP - Durante o show, você não pára. Sorri, canta, dança, conversa com as pessoas. De onde vem tanta energia, tanta simpatia?
Felipão - É natural. Cabe ao artista tratar as pessoas desse jeito. Antes de tudo, eu era forrozeiro. Desde pequeno. Eu vi a galera cantar lá em cima e parecia que não tinha ninguém embaixo. Nem olhava. Eu não consigo ver uma pessoa estendendo a mão pra mim e eu não ir lá e pegar. Ela tá querendo falar comigo, não tá? Se a pessoa levanta a mão 10 vezes, eu vou lá e pego 10 vezes.

OP - O Felipão é diferente do Felipe?
Felipão - É em parte. O Felipe é 50% Felipão. O Felipão se originou porque eu saía muito com os irmãos pra forró. A gente vai pro forró pra curtir, não tá preocupado em saber como é que vai dançar. E eu queria exatamente fazer isso no palco, fazer uma coisa sem formalidade, sem regra, sem limite. Se der vontade de subir na caixa de som, sobe. Se der vontade de descer, desce. Eu fui forrozeiro...

OP - E não é mais? Felipão - Não tá dando mais tempo, mas eu gosto muito de forró.

OP - Como surgiu a dancinha das mãos atrás da cabeça? Felipão - Quem souber morre (risos). Quando a gente vai pro forró, se tomar uma, não sabe nem como é que dança. E eu tô ali dançando e eu tô prestando atenção a todo mundo. E eu também já tomei uma, já me melei... Mulher tem mania de dançar com as mãos pra frente e os homens começaram a pegar esse negócio. Aí, foi misturando, a mão veio pra cabeça, eu fui me esticando... Foi Deus que mandou.

OP - E o uso do chapéu? Felipão - Ah, o chapéu é uma glória e um problema. Glória porque marcou e todo mundo agora quer o chapéu. A gente estava numa fase em que todo mundo estava tirando chapéu e botando boné. E eu continuei com o chapéu. Na época que eu era forrozeiro, era moda. Aí passou. Só que eu continuei usando porque eu gostava muito de chapéu. Eu acho que eu ia pra missa de chapéu. (risos) E hoje eu tenho vontade de tirar o chapéu.

OP - Por quê? Não é uma marca? Felipão - Eu queria que o Felipão e o Forró Moral fossem vistos também sem chapéu. De boné, de touca, de cabelo rastafari, de tudo. Não é só o chapéu. A galera diz: "Eu só quero tirar a foto se for com o chapéu". Aí, eu digo: "Pois eu vou pegar o chapéu pra você tirar a foto você e o chapéu". (risos) Ficou essa imagem. E eu não queria.

OP -Mas o Felipão sem chapéu não é outra pessoa? Felipão - É e não é. O pessoal diz: "Cadê o chapéu?". Aí, eu: "Rapaz, eu quero saber se o chapéu canta sozinho" (risos). Eu boto pra cantar. "Vai lá, faz teu show que depois eu faço o meu". Mas eu noto que, pra ter a brincadeira, tem que ter o chapéu. Quando eu tiro o chapéu, eu fico doidinho. É uma identidade do forrozeiro, do safado... Safado no bom sentido, de namorador, de galanteador... Mas no dia-a-dia, eu não ando de chapéu.

OP - Você, além de querido pelas mulheres, é admirado pelos homens. No show, só o que se vê são homens de cavanhaque igual ao seu. Felipão - De cavanhaque e de chapéu. Do jeito que eu fizer, os caras fazem. Se eu tirar aqui do lado, eles chegam "Pô, tu tirou, então eu vou ter que tirar também". Tem homem que leva a mulher pra tirar foto. No começo, a gente tinha uma barreira. Era só mulher na frente e os homens tudo atrás. Nos lugares onde a gente não é tão conhecido, ainda tem. Mas eu não tô ali pra olhar pra mulher de ninguém, pra dizer "eu sou o bonitão". Não. Eu tô ali pra divertir a galera e os bonitões são eles. Eu tô ali mesmo só pra fazer alegria. Falo com homem, falo com mulher e brinco. Tento passar esse carinho pras duas partes e não ter esse tipo de preconceito, de divisão.

OP - Quando você dança, rebola, levanta a blusa, as mulheres deliram. Você se acha um símbolo sexual? Felipão - Esse lado foi muito formado a partir do personagem. Eu não sei. É uma parte do Felipão. Tem esse lado.

OP - Do Felipão ou do Felipe? Felipão - Ah, do Felipão. O Felipe teve esse lado também, mas hoje não tem mais, não.

OP - E como é isso de mexer com a fantasia das mulheres? Felipão - Eu não faço nada programado. Eu chego lá e faço o show pra agradar e brincar. Mais do que esse lado de símbolo, tem a questão do carisma. As pessoas dizem: "Tu deve ser legal demais, tu deve chegar no meio de todo mundo e começa a conversar e contar piada". Eu não sou muito assim, não. Eu sou mais calado. Isso depende. É momento.

OP - Você já recebeu alguma proposta pra posar nu? Felipão - Não.

OP - E, se recebesse, aceitaria? Felipão - Eu faria se fosse por dinheiro. Mas, graças a Deus, dinheiro não muda nem tem mudado minha cabeça. Se eu, um dia, tivesse assim "rapaz, eu não tenho mais o que fazer na vida, tô lascado, quebrado, eu vou posar nu senão me lasco". Aí, seria numa situação de sobrevivência. Graças a Deus, eu não tô rico, não, mas esse não é o caso nem é o tipo de trabalho que a gente tenta mostrar.

OP - O Felipe é casado? Felipão - (Ele sorri e se encabula) Sou.

OP - Já ficou com alguma fã? Felipão - Eu acho que já.

OP - "Eu acho que já"? Não lembra?
Felipão - Fã... Isso existe quando o cara é muito famoso, mas não tem uma história assim... É uma coisa normal.

OP - O que você faz com os objetos que ganha nos shows? Felipão - Eu guardo. Dou uma olhada, leio. Tem carta, quadro, caixa de chocolate, camisa, boné...

OP - Tem calcinha? Felipão - Tem calcinha, sim. Tem mulher que tira mesmo, na hora do show.

OP - Sério? Felipão - Serissimamente. Neste fim de semana teve uma que tirou na hora do show. Na dança, terminam tirando mesmo e jogam.

OP - Tem cueca?
Felipão - Não, chegou ainda não. Ah, já me deram de presentinho. Aí eu termino usando.

OP - Você usa? Felipão - Aí eu uso. Deu em mim, acabou-se.

OP - Qual é a mulher ideal pro Felipão?
Felipão - Mulher pra casar comigo primeiro de tudo tem que saber onde eu vivo, que não tem mais volta. Tem que conhecer o trabalho. Eu sou muito aberto pra dizer essas coisas, mas não é o momento, não...

OP - Tá encabulado, Felipão? Felipão - (Ele sorri) Quando passa uma mulher bonita, gostosa, charmosa, com aquele ar sensual, o cara fica doido. Mas não é a mulher pro cara casar. Com essa daí pra casar eu não tinha coragem.

OP - Tem a mulher pra casar e a mulher pra ficar? Felipão - Tem a mulher pra casar e a mulher pra ficar.

OP - E qual é a mulher pra casar? Felipão- Pra casar, é a mulher calma, cabeça, tranqüila. Tem que ser bonita? Tem. Todo mundo gosta de gente bonita. Não sou só eu, não (risos). Eu olho muito a questão da cabeça da mulher, da tranqüilidade, da maturidade. Não gosto de menina imatura.

OP - Como é seu tempo livre atualmente?
Felipão - Meu tempo livre tá sendo assim agora. É esse aqui, é reunião, conversa.

OP - São três CDs e um DVD, que já é DVD de ouro. Era esperado esse sucesso?
Felipão - Era trabalhado muito por esse sucesso. Aprendi uma frase que é assim: cabeça nas nuvens, sonhando muito, e os pés no chão. Lógico que a gente quer conquistar mais. Mas a gente sentou e definiu que precisava se concentrar mais no Nordeste. Depois de o Moral conhecido 100% no Nordeste, a gente vai pro resto do Brasil.

OP - Você se considera um homem de sorte?
Felipão - Não existe sorte, não. Sorte é a mistura da preparação com a oportunidade. É você estar preparado na oportunidade certa. No lugar certo, na hora certa. Eu nunca ganhei nem um frango numa rifa. Nunca, nunca, ganhei nada na minha vida. Oportunidade tem pra todo mundo. Mas não é todo mundo que tá preparado.

OP - E o que falta conquistar?
Felipão - A gente tá numa fase muito sonhadora, mas eu tô muito satisfeito porque meu sonho era bem menos do que isso tudo. Graças a Deus, a gente hoje tá muito bem. Hoje não tem mais volta, não. Se fosse pra parar hoje, eu estaria satisfeito. Eu sonhava aparecer na TV, tocar na rádio...

OP - E agora?
Felipão - Às vezes, eu me pergunto "o que é que eu vou sonhar agora?" Ficar milionário, rico? Não tenho tanta pretensão. Mas tem muito o que se realizar ainda. A gente conseguiu atrair esse lado infantil, isso é coisa de Deus. Dinheiro é conseqüência do trabalho que a gente vem fazendo com seriedade, honestidade, empenho, força de vontade. Mas uma coisa que tenho vontade é de cantar no Festival de Verão em Salvador.




0 comentários! Clique aqui e comente!:

Enviar um comentário