Submundo dos viciados em drogas que lutam para "viver"

Com informações do jornal O Mossoroense



Jovens_drogasQuem encontra A. M. dos Santos, 35, perambulando pelas ruas e bairros, pedindo dinheiro a um e a outro para alimentar o vício da bebida e das drogas, não sabe que por detrás daquele "resto de homem" já viveu um bem sucedido empresário do ramo de calçados, dono de lojas, carros e casas boas.
Uma vida construída com muito esforço e trabalho, que durante anos foi orgulho dos familiares e amigos, hoje destruída pelo consumo de crack. Além de bens materiais, ele conseguiu perder a mais preciosa das conquistas: a família.
Abandonado por tudo e por todos, o ex-empresário trava uma luta diária para "viver" a cada dia o seu vício, que o arrasta ainda mais para um abismo profundo de um caminho sem volta.
Assim, como o ex-empresário, vivem milhares de jovens no Brasil viciados em crack, considerado pelos médicos o pior dos entorpecentes já consumido pelo ser humano. Capaz de destruir vidas com bastante rapidez, a droga veio para acabar de vez com a pessoa que tem a infelicidade de usá-la, ainda que seja em caráter experimental.
De acordo com o psicólogo João Valério Alves Neto, que atende em uma rede pública da cidade de Caraúbas, o crack causa danos à saúde e se não for tratado a tempo é capaz de causar problemas irreparáveis, principalmente à mente. "O crack tem desintegrado famílias e destruído vidas. O usuário de drogas não tem vida própria. Vive em função do vício. Perde o amor, o respeito e a dignidade. Perde a noção de valores, despreza a família, os filhos, a dignidade, a autoestima. Para o viciado o que importa é satisfazer a sua vontade de usar droga, se inebriar, cair num turbilhão, que é um poço sem fundo", disse o psicólogo.
Para o psicólogo, a família geralmente não sabe lidar com o viciado, muitas vezes os pais não aguentam a pressão dos filhos, os furtos, a rebeldia, a irreverência e eles decidem alugar uma casa, um barraco, o que for, contanto que esteja longe das pessoas que o cercam. "Muitas vezes para fugir das agressões morais e físicas, nos momentos que deixam de atender a exigência do drogado, os viciados em crack procuram as periferias, onde passam a convier com o submundo do entorpecente e faz daquele local a sua válvula de escape. E aí é o começo do fim. Sozinho, passa a conviver com outros viciados, passa a cometer pequenos furtos, a vender seus objetos pessoais, até mesmo a aparência pessoal perde a importância," explicou.
Ainda de acordo com João Valério, o crack proporciona uma desestruturação familiar capaz de acarretar danos irreparáveis. São jovens, adultos, crianças, adolescentes e até mesmo idosos que sofrem com problemas ligados ao crack. Para ele o trabalho de prevenção e recuperação tem que começar pela família do próprio viciado.
Já a pedagoga Ana Paula da Cruz Fernandes Menezes, que coordena programas sociais voltados para adolescentes e jovens de áreas de risco no município de Caraúbas, explica que a quantidade de moradores que vivem na rua, por conta do vício, cresce assustadoramente nas cidades do interior, onde a maioria deles tem família, porém, a convivência se tornou insuportável com a vida que levam. "O uso de drogas também reflete na realidade dos sistemas penitenciários, onde centenas de pessoas são presas pela prática de pequenos furtos em busca de dinheiro para suprir a carência da droga", contou. 

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