Clima de inconformismo e revolta perdura em Martins

Persiste a indignação do povo de Martins em torno do crime que abalou não apenas toda a população do município, mas também moradores das diversas regiões circunvizinhas. Em 14 de dezembro de 2008, o jovem casal de namorados Dayff kanedy, 22 anos, e Sanelle Lauane, 17 anos, foi assassinado com requintes de pura e explicita crueldade. A monstruosidade foi tão horrenda, que chegou a impactar até mesmo em cidades onde são comuns incidentes de natureza semelhante, como Natal, Mossoró, Pau dos Ferros, etc. 

  Em protesto contra o ato de extrema covardia que atingiu o casal Dayff e Sanelle, mais de 1.500 martinenses (incluindo crianças, jovens e adultos) organizaram-se, neste dia 08 de abril, em um movimento denominado  “Caminhada pela Paz”. Já é a segunda vez que o evento ocorre em 2009. Desde a primeira caminhada, em 17 de janeiro deste mesmo ano, muitos já vinham alertando para a possibilidade de novas manifestações da massa, caso a população interpretasse que o crime vinha sendo tratado como um delito qualquer.

A polícia vinha mantendo presos, sob fortes suspeitas de ligação com o crime, o PM Haroldo Oliveira da Silva, 32 anos, e o cabo Giliarde Rodrigues da Costa, x anos, ambos do Grupo Tático de Combate (GTC) da Polícia Militar.  Contudo, apenas o PM Haroldo permanece detido, sobretudo porque sua arma, uma pistola ponto 40, foi indicada pelo exame de balística como tendo sido aquela de onde partiram os disparos que atingiram os jovens; o cabo Giliarde, por sua vez, já se encontra em liberdade, pois apesar de haver indícios que sugerem envolvimento do cabo, a polícia não conseguiu reunir provas documentais contra o mesmo. 

Até então, a justiça parece ter estagnado na conclusão de que o PM Haroldo teria feito tudo sozinho, sem ajuda de ninguém. A população de Martins, porém, não aceita este resultado como definitivo; é justamente por esta razão que o povo martinense tem ganhado as ruas em caminhada para reivindicar do poder judiciário a apresentação de um desfecho menos questionável em torno do caso Sanelle e Dayff.[...] só estamos reivindicando uma verdade mais precisa, queremos um desfecho mais convincente e esclarecimentos mais detalhados quanto à real motivação do crime e sua respectiva autoria, uma vez que seu modus operandi, ou seja, a forma como foi praticado reduz consideravelmente a possibilidade de um único envolvido., dizia esta passagem extraída de um texto que fundamentava o movimento. Em um trecho mais adiante, o mesmo texto frisava o seguinte: Quanto à Justiça, que esta busque ser fiel à própria natureza, fazendo cumprir a si mesma; que seja justa em todos os seus aspectos; e que possa, enfim, repousar sobre a consciência reta e tranqüila do dever cumprido.” 

As atitudes do martinense diante deste caso mostra que ainda se espera da justiça uma resposta à sociedade à altura da tragédia.

Fonte: Salomão Lima Carvalho

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