Menos pirotecnia, mais verdades

A visita do papa Bento XVI ao Brasil era para ser um grandioso espetáculo da fé. Seria a primeira viagem do pontífice para fora da Europa. Na Basílica de Aparecida, no interior paulista, ele abriria a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Sua passagem seria coroada pela cerimônia de canonização de frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil. Tudo ocorreu como o esperado, exceto pela ausência do grandioso espetáculo da fé que caracterizou as três visitas de João Paulo II ao Brasil. A Igreja esperava que 70 000 jovens acorressem para ver o papa no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Foram apenas 40 000. Dias depois, 350 000 fiéis deveriam acompanhar sua missa em Aparecida. Só apareceram 150 000. O motivo principal parece ser mesmo a falta de carisma de Bento XVI. Ele dá a impressão de se sentir deslocado em meio a multidões ou sob a luz dos holofotes. Faltou grandiosidade ao espetáculo, mas não firmeza. Em momento nenhum o papa arrefeceu a defesa dos princípios morais. No final das contas, a visita ao Brasil foi um bom resumo dos objetivos do seu pontificado: menos pirotecnia e mais verdades da Igreja – ditas a poucos e bons católicos.

Fonte: Revista Veja

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