Problema do Brasil

Quando uma determinada situação chega a um nível ruim, a sabedoria popular costuma dizer que “pior do que está não pode ficar”. Isso é um equívoco. Pode, sim. A Operação Navalha, desencadeada pela Polícia Federal, é uma prova disso. Quando todo mundo achou que já tinha visto tudo de ruim neste País em matéria de roubalheira e má utilização do dinheiro público, vem essa operação para mostrar que é impossível imaginar em que nível se encontra a corrupção brasileira. Definitivamente, o dinheiro público não existe para melhorar a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, os recursos que o Estado tem, conseguidos com o que é produzido pela sociedade, servem para ajudar apadrinhados. Fazer que quem já é rico fique ainda mais e quem é pobre continue atolado. Somente quando um escândalo dessa proporção chega à opinião pública é que se tem a compreensão de por que a desigualdade social no Brasil continua sempre elevada. O problema é que os investimentos públicos não são feitos para reverter esse quadro. Ao contrário. São para confirmá-lo. Prova disso é a fragilidade de programas sociais, como o Bolsa-Família. O programa se limita a uma distribuição de dinheiro. Criando nas pessoas a ilusão de que têm uma renda. Mera ilusão. Recebem uma esmola para comer menos ruim. Continuam sendo miseráveis e com poucas perspectivas de mudar esse quadro. Não existe a preocupação de um programa que pense o futuro. Que verdadeiramente ajude as pessoas a sair da pobreza. Fora isso, tem a peste da corrupção. Tudo que se faz no Brasil tem alguém levando vantagem. Fora da Operação Navalha, já se fala em irregularidade nas obras para os jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro. Obras que estavam orçadas em R$ 30 milhões, estão agora sendo concluídas com investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão. As suspeitas de superfaturamento estão sendo investigadas e, em breve, deverão estar estampadas nas manchetes. O Brasil precisa ser repensado por completo. Principalmente na escolha dos representantes públicos.

Escrito por Cesár Santos e Publicado em sua coluna diária no Jornal De Fato

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