Um dia depois de manifestantes interditarem a BR-405, como forma de protesto ao elevado número de acidentes, inclusive com mortes, na área do perímetro urbano, o diretor do Departamento Nacional de Infra-estrutura do Trânsito (DNIT), engenheiro José Narcélio Marques, disse que o problema é consequência de falhas humanas, e não das condições da rodovia federal. E anunciou apenas medidas simples, contrariando os anseios da população que defende profunda mudança no trânsito.
José Narcélio admite que cresceu o número de acidentes no perímetro urbano de municípios que são cortados por rodovias estaduais e federais, mas nega que esse problema seja consequência de falhas nas BRs ou RNs. “A falta de obediência ao Código Nacional de Trânsito é, sim, o motivo maior dos acidentes”, afirmou em entrevista, por telefone, ao JORNAL DE FATO. “Estudos da Polícia Rodoviária Federal mostram que 96 por cento dos acidentes de trânsito são decorrentes de falhas humanas”, revelou o diretor do Dnit.
Baseado no levantamento feito pela PRF, Narcélio disse que os acidentes são provocados por pessoas que não têm o conhecimento das leis do trânsito ou que são imprudentes, devido ao cansaço, excesso de bebida alcoólica, entre outras deficiências.
Neste caso, entende o engenheiro, o problema só será atenuado “mexendo na parte mais sensível do ser humano, que é o bolso, ou seja, aplicando multa, multa e multa aos motoristas e motociclistas imprudentes.”
O diretor do Denit diz que, no caso específico de Pau dos Ferros e de outros municípios cortados pela BR-405, não tem muito a fazer. “Eu conversei ontem com o prefeito Leonardo Rêgo, ouvi dele as reclamações da população e o pedido de solução, mas não temos como alterar tanta coisa”, comentou.
No entanto, adiantou que algumas medidas serão adotadas. Primeiro, será feita uma vistoria nas áreas críticas por técnicos do Dnit e da Prefeitura de Pau dos Ferros. Em seguida, as providências serão adotadas. É provável que o Dnit, já na próxima semana, instale os chamados tachões nas áreas mais críticas e redutores de velocidade. Também reforçará a fiscalização, como forma de conter os excessos.
Quanto ao sonhado contorno viário, obra que vai desafogar o trânsito na Avenida Independência, a principal de Pau dos Ferros, José Narcélio não acredita que sairá este ano. Esse projeto está inserido na obra da BR-226, que até dezembro atingirá apenas o Médio Oeste. Com isso, é provável que somente em 2008, caso o Governo Federal continue investindo na rodovia, seja possível construir o contorno viário de Pau dos Ferros.
Engenheiro diz que a BR-405 foi estreitada, diretor do Dnit rebate
Durante os protestos da população pau-ferrense, chamou a atenção o alerta feito pelo engenheiro Licurgo Quinto de que houve um estreitamento da BR-405 quando a empresa Queiroz Galvão, contratada pelo Governo Federal, executou o trabalho de reconstrução dos 120 quilômetros da rodovia, entre o município de Itaú e a divisão com o Estado da Paraíba.
Segundo o engenheiro, que há 25 anos reside no Hotal Jatobá, localizado à margem da BR-405, a empresa estreitou a rodovia em 80 centímetros em cada lado, desrespeitando o gabarito oficial das rodovias federais. E sequer teve o zelo de fazer o acostamento. “Com isso, os ciclistas e motociclistas ficaram sem espaço”, reclamou Quinto.
O diretor do Dnit, engenheiro José Narcélio, não concorda com as críticas. Segundo ele, não houve estreitamento da rodovia, nem poderia haver, uma vez que o gabarito oficial das BRs não pode ser desrespeitado. “A BR-405 tem sete metros e vinte centímetros de largura, obedecendo o gabarito oficial”, garantiu. “O que não tem é acostamento”, admitiu o engenheiro.
Fonte: Jornal de fato
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